quinta-feira, 27 de maio de 2010

ESSE PODER...

Em ano de eleição, mais uma vez o discurso político, cheio de eloqüência e retórica fascinante, proferido por políticos ávidos pelo poder, mas sem comprometimento com seus eleitores, continuam com suas falsas promessas de campanhas e as sórdidas jogadas eleitoreiras.
A falta de educação em nosso país é o principal incentivo para esses políticos, alimentando-lhes a sanha corrupta, e cada vez mais eles vão se tornando peritos em desempenhar o papel de salvadores da pátria, visando conquistar o voto do povo com promessas, que estão longe de cumprir.
Esse olhar de mercadoria sobre o voto, prevalece em todas as regiões do Brasil, em menor ou maior quantidade. Em plena democracia, vamos observar que esse coronelismo, da época da República, ainda atua em vários setores de nossa sociedade. Mudou apenas o nome, mas, as seqüelas são tão ou mais nocivas que as de antigamente, sempre com a opressão de pessoas e, até, de comunidades inteiras. Famílias que se vêem nas mãos de verdadeiras gangues criminosas, sem nenhuma proteção governamental em prol de suas cidadanias e, ou, direitos humanos, a mercê de policiais corruptos, formados pelas milícias.
Enquanto isso, nossos políticos continuam desenvolvendo com perícia a arte de discursar. Elaboram seus discursos com promessas visando comover e seduzir seus ouvintes por meio de palavras de persuasão, argumentando de forma convincente sobre as inúmeras mazelas que afetam a vida das pessoas, com o único interesse do voto.
Até quando vamos conviver com essa situação é a pergunta que não quer calar. Mais uma avalanche de discursos e estratégias políticas já estão se formando em nosso cenário político. Já foi dada a partida, as cartas estão na mesa e vencerá aquele que souber manipula-las com maior e, ou melhor maestria, mas, infelizmente, a ética, a moral, o respeito e a fidelidade não fazem parte desse jogo.

sábado, 22 de maio de 2010

LUA NOVA DEMAIS

Elisa Lucinda

Dorme tensa a pequena sozinha como que suspensa no céu
Vira mulher sem saber sem brinco, sem pulseira, sem anel sem espelho, sem conselho, laço de cabelo, bambolê
Sem mãe perto, sem pai certo sem cama certa, sem coberta, vira mulher com medo, vira mulher sempre cedo.
Menina de enredo triste, dedo em riste, contra o que não sabe quanto ao que ninguém lhe disse.
A malandragem, a molequice se misturam aos peitinhos novos furando a roupa de garoto que lhe dão dentro da qual mestruará sempre com a mesma calcinha, sem absorvente, sem escova de dente, sem pano quente, sem O B.Tudo é nojo, medo, misturação de “cadês.”
E a cólica, a dor de cabeça, é sempre a mesma merda, a mesma dor, de não ter colo, parque pracinha, penteadeira, pátria.
Ela lua pequenininha não tem batom, planeta, caneta, diário, hemisfério,
Sem entender seu mistério, ela luta até dormir mas é menina ainda; chupa o dedo
E tem medo de ser estuprada pelos bêbados mendigos do Aterrotem medo de ser machucada, medo.
Depois mestrua e muda de medo o de ser engravidada, emprenhada, na noite do mesmo Aterro.
Tem medo do pai desse filho ser preso, tem medo, medo
Ela que nunca pode ser ela direito, ela que nem ensaiou o jeito com a boneca vai ter que ser mãe depressa na calçada ter filho sem pensar, ter filho por azar ser mãe e vítima
Ter filho pra doer, pra bater, pra abandonar.
Se dorme, dorme nada, é o corpo que se larga, que se rende ao cansaço da fome, da miséria, da mágoa deslavada dorme de boca fechada, olhos abertos, vagina trancada.
Ser ela assim na rua é estar sempre por ser atropelada pelo pau sem dono dos outros meninos-homens sofridos, do louco varrido, pela polícia mascarada.
Fosse ela cuidada, tivesse abrigo onde dormir, caminho onde ir, roupa lavada, escola, manicure, máquina de costura, bordado, pintura, teatro, abraço, casaco de lã podia borralheira acordar um dia cidadã.
Sonha quem cante pra ela: “Se essa Lua, Se essa Lua fosse minha...”Sonha em ser amada, ter Natal, filhos felizes, marido, vestido, pagode sábado no quintal.
Sonha e acorda mal porque menina na rua, é muito nova é lua pequena demais é ser só cratera, só buracos, sem pele, desprotegida, destratada pela vida crua
É estar sozinha, cheia de perguntas sem resposta sempre exposta, pobre lua
É ser menina-mulher com frio mas sempre nua.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

APATIA

O rosto é pálido, o riso apagado
Sua voz, apenas um murmúrio
Parece um bichinho alado
Observo seu vôo solitário
Intriga-me sua apatia
Então fico a cismar
Como penetrar sua magia

Se te falo, não me entende
Se te abraço, se desvencilha
Preciso aprender o caminho, menino
Para chegar a você, com sabedoria
Preciso descobrir um jeito, menino
De trazer você pra mim, com alegria

quarta-feira, 12 de maio de 2010

SIVESTRE

Como brinca
Como corre
Como é valente
Como é viril
Serra os punhos vai pra briga
Não resiste a um desafio
Rola no chão
Esquenta a torcida
No corpo a corpo, parece um guerreiro
Quando é surpreendido
Sai disfarçando sorrateiro

As másculas formas já definidas
De seu arrojado corpinho
O porte altivo, confiante
Inspira receio ao amiguinho
Mas, eu sei, que você no fundo
Não é nada arrogante
Apenas a sua impetuosidade
O faz assim tão vibrante

Estou sempre vigilante
Aos seus momentos de arroubos
Para evitar que cause danos
A quem está na redondeza
Meu pequeno menino selvagem
Que desconhece a sutileza
As vezes me perco a contemplar
A beleza de sua macheza

quarta-feira, 5 de maio de 2010

SONHADOR...

Sua energia,
Sua alegria
Contagia minha alma
Te ver correr
Te ver brincar
Me leva a euforia
O rubro forte de suas bochechas
Transluz vitalidade
Os olhos límpidos risonhos
Me falam de sonhos e ingenuidade

Para sonhos não há fronteiras
Desse direito ele não abre mão
Quer um dia morar em um castelo
Será dono de navio e avião
Vai ter tantos carros
Terá tantas bicicletas
Que nessa escola
Não caberão

Vai crescer e ficar forte
Do tamanho de um gigante
Vai levar sua mãe
Pra um lugar bem distante
Com muitas flores
Perto do mar
Uma casa grande e bonita
Com banheiro e chuveiro
Pra banho tomar
Para mim promete dar
Um presente bem bonito
Quando pergunto o que vou ganhar
Fica um instante pensativo
Olha em meus olhos
Pergunta-me se gosto de pirulito